Sabendo-se que no interior das empresas e das organizações também se desenvolvem, por vezes, cenários de natureza política que dão lugar a acções ou iniciativas movidas por influências diversas, envolvendo as diferentes hierarquias, muitas decisões acabam por ser tomadas sem qualquer valor efectivo, para além de serem meras demonstrações de poder inter-departamental.
E quando assim acontece, não adianta possuir tecnologia de ponta e ter acesso a um universo interminável de dados se não existir, por um lado, uma extensa capacidade e enormes valências em gerir a informação e, por outro, uma extraordinária cooperação entre todos os departamentos que fornecem dados para o negócio, sob a coordenação de um líder, reconhecidamente como tal.
Por outras palavras, o acesso à tecnologia avançada não é uma garantia de sucesso na concretização de determinados resultados ou objectivos, e esta perspectiva permite estabelecer uma interessante e oportuna analogia entre o que temos vindo a assistir neste caso do voo MH370 e a vida das empresas.
Qualquer trabalho de análise implica a realização de um conjunto de processos que poderão ser resumidos às seguintes tarefas:
- Determinação das Fontes de Dados;
- Triagem / Relacionamento / Correlação;
- Definição de padrões;
- Formulação de hipóteses
Alimentar dados que são irrelevantes em detrimento de outros (talvez até inexistentes), trazem custos acrescidos que devem ser perfeitamente identificados. O investimento em estruturas de informação deve ser canalizado para a tipologia de dados que claramente sustentam o negócio em todas as suas vertentes, sobretudo as que configurem situações de emergência.
Face à diversidade de fontes, formatos e plataformas, muitas empresas não têm a percepção do tipo de dados a que hoje podem aceder e como os devem usar. Este cenário dá-nos uma perspectiva preocupante sobre a real capacidade instalada em produzir conhecimento nestas circunstâncias ou da sua total ausência.
Mais do que olhar à abundância de dados, é fundamental estabelecer que tipo de dados realmente devem interessar à empresa e de que forma se poderão recolher para posterior análise de modo a atingir determinados objectivos. Muitos projectos de negócio são hoje iniciados partindo-se do pressuposto que todos os dados essenciais simplesmente já existem e que bastará adquirir uma ferramenta para automatizar este processo.
O valor das ferramentas não está apenas na sua capacidade de automatização de dados, mas, sobretudo, na flexibilidade em incorporar diferentes fontes e permitir um nível de configuração exigível com as características de cada negócio.
Em qualquer processo de “business intelligence”, o ponto alto do investimento feito na sua aquisição (a “cereja no topo do bolo”) ocorre quando o destinatário dos “insights” gerados pela ferramenta comprova a existência de conhecimento fresco, útil e estratégico para a sua próxima tomada de decisão, no entanto, este ponto alto pode, na maioria dos casos, ocorrer no médio-prazo após a aquisição da ferramenta, porque até lá será sempre necessário comprovar que a estrutura base da informação (“backbone” operacional) encontra-se devidamente configurado a diferentes níveis, como por exemplo:
- Definir metodologias de medição;
- Estabelecer pressupostos;
- Criar indicadores próprios do negócio;
- Personalizar “dashboards”;
- Desenhar “outputs”;
- Testar resultados
Gerir negócios na presente era tecnológica é um desafio que deve beneficiar a empresa a tirar o máximo proveito deste contexto, sobretudo não “perdendo de vista” componentes críticas para o desenvolvimento da sua actividade, que coloquem em causa a saúde da estratégia preconizada.